sexta-feira, junho 09, 2006

Lisboa - Cascais


É um mundo independente, o comboio. Lá fora há o Sol, o Rio, a Ponte, a Marginal, mas aqui as coisas passam-se a um ritmo muito específico. Tic-tic. O revisor que se aproxima. Pequena quebra na monótona rotina de um comboio rápido. Lisboa hoje tem uma Luz inacreditável, e à medida que o comboio avança, ela vai-se transformando em azul. O fim do Tejo e o princípio do Mar. Há vento, mas não faz mal, eu gosto de vento. Se olharmos para as pessoas no comboio e pensarmos que dentro de cada uma delas há um mundo, uma vida, com alegrias e tristezas, dias bons e dias cheios de stress... isto faz-me sorrir. Vejo a Costa. Daqui é só uma língua de areia feliz, onde claramente há calor, do outro lado do Rio e por aí abaixo. Gosto da Costa, é um bom escape. Só ouvimos o barulho do comboio nos carris, e vai tão rápido, tão rápido que quase não consigo escrever.
Gosto muito deste comboio, se estiver bem disposta posso pensar neste caminho como um passeio. É um passeio de rotina, porque tenho de o fazer todos os dias, mas é um passeio bonito, e é sempre mais fácil pensarmos no lado bonito das coisas, mesmo que sejam rotineiras e tenham um fim chato. O Bugio. Adoro esta linha! Descobri há pouco tempo que adoro a cidade de Lisboa, encontrei uma Lisboa que me preenche. E estando tão longe, a uma hora de caminho da faculdade, é normal que pense que é uma chatice viver aqui... mas não é, porque durante essa hora, meia hora de comboio, com este Rio, este Céu, as pessoas com as suas vidas, e que às vezes até olham e sorriem..., a Ponte, a Costa e, simplesmente, o comboio, com o seu ritmo único, o seu pequeno mundo interior onde não há lugar para tanto verde e tanto azul, a não ser para quem olha pela janela.
24Maio2006

2 comentários:

Nuno Geraldes Barba disse...

O Mundo dos transportes muitas vezes desperta em nós sentimentos desconhecidos, sentimentos que não conheçemos, sentimentos que nos fazem viagar. Mesmo em viagens de rotina, em passeios diários que envolvem as mesmas vistas que são sempre diferentes, os mesmos caminhos que mudam a cada passagem, e às vezes até, as mesmas pessoas que mudam todos os dias, e podem sorrir hoje, e franzir o sobrolho amanhã só proque lhes apetece!
A Costa é de facto um escape. Existe calor, praia, água menos fria do que na linha, mas não é isso que faz dela melhor do que a linha. Apenas diferente. Apenas um escape à monotonia.
Perdi-me bastante tempo neste teu blog. Na Joaninha, e no comboio. É um passo importante esse que dás no fim daquela contagem decrescente, e pelo que já tive oportunidade de ler, não só será importante para ti, mas para nós, leitores que viremos aqui com bastante regularidade procurar novidades, inspirações, ou até, simplesmente, um escape. Como a Costa, como o verde, o azul, ou o branco...
Parabéns Verinha. Acho que ainda não tinha lido nada teu. ADOREI!

tin tin disse...

cof cof.. (perdoa-me por dizer isto verinha..) há coisas que se reflectem mais transparentes que a própria agua desse mar que conheces tão pouco.. e a ilusão não tem sequer cheiro a maresia.

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