Está sol na rua lá em baixo. Não há como acordar numa casa onde o sol entra indecentemente pelas janelas. Estes últimos dois dias estiveram cheios de muito mais dias do que toda a semana passada. Andar para cima e para baixo nas ruas com carris e poucos carros, onde os fios do eléctrico cortam o céu azul destes dias de céu azul em triângulos aleatórios. Good morning; Buenos días; Bonjour. Jogo com um falso conhecimento de internacionalizações que não tenho mas gostava. Eles gostam desse jeito desajeitado de miúda decidida, que sabe o que está a fazer, mesmo não sabendo. Refilam, mas acham piada.
Cheira à caneca de café em cima da mesa da cozinha e a musica no Ipod pela casa tem claramente a forma de ondas em propagação. Se ainda fumasse ia pegar nessa caneca e apanhar o sol da varanda e fumar um cigarro, mas vai ter de ficar para outra vida, parece-me.
Tenho tanto em que pensar e tanto que fazer sem pensar no que não me sai da cabeça, há demasiadas coisas a acontecer ao mesmo tempo, coisas que não são compatíveis umas com as outras e que me deixam de rastos pela impossibilidade de as cruzar! Já descobri como é que faço para pensar nas coisas separadamente: basta retirar a componente inteligência/cognição/racionalidade para chegar ao ponto emocional a que quero. Como é que faço isso? Jogos no telemóvel. Ou no computador. Daqueles básicos, de encaixe mas sem a mínima estratégia. Ridículo, eu sei. Depois é só tomar alguma atenção ao que flui, mas uma atenção discreta, como uma mãe que espreita da porta do quarto um filho pequeno que brinca sozinho e desempenha em voz alta todas as personagens da brincadeira - para que esses pensamentos não fiquem envergonhados e se mantenham por aí.
Só escrevi este post absolutamente non-sense porque uma pessoa, que possivelmente não existe, me disse para o fazer. Cá está.