terça-feira, maio 27, 2008

Tim and Pamela were the beautiful polish children of a polish musician, called Sebastian. The day they flew towards Birmingham was the first day their father cried. Since then, no piano plays in the city of Gdansk. Tim wanted to be a doctor, but he became a civil engeneer. Pamela always dreamt of being a student, today, ten years later she is.
When they were ten years old they used to climb a huge tree, an oak, where they once found a little bird nest. Three small round eggs were there, and Pamela screamed in the exact second they fell from the tree. Tim remained silent. After that, distance.
On the top of the hill, between an old pagan castle and a romantic two-colored palace these polish adults decide for themselves never to be apart again.

sábado, maio 24, 2008

Music Box

Não sou a pessoa certa para criticar música. Já houve quem tentasse incutir-me alguma coisa mas parece que fica sempre pelo caminho. Mas sei falar sobre pessoas, sei falar sobre movimentos e sei falar sobre sensações. Chega de sentimentos, por hoje são mesmo sensações.
Sexta à noite para quem mudou tanta coisa em tão pouco tempo pode ser um problema. Mas deixa de ser um problema quando uma mana (entre aspas, mas eu odeio aspas), convida para programas que não há com outra gente. Music Box às 23h30, com dois açorianos cerrados para ouvir Phoebe Killdeer - para quem não sabe, é uma das vocalistas dos Nouvelle Vague. Estava com uma certa graça, aquele ambiente, uma mistura grande de gentes e géneros, não é isso que a boa música promove? Durante cerca de uma hora e meia uma pequena mulher de franja e olhos esbugalhados deixou uma pequena multidão em êxtase. Não só ela, mas também três homens altos, franceses, cada um escondido atrás de um instrumento - de mencionar o baixista, cabelo inacreditável, calças de cabedal inacreditáveis e camisa de brilhantes inacreditável, em inacreditáveis saltos e maravilhas acústicas. Não, de facto não sei avaliar música suficientemente bem para me atrever a fazê-lo publicamente, mas sei explicar que as endorfinas que me correm agora por aqui são filhas dessa música, de uma libertação de articulações e constrangimentos, da energia viva. E gostei disso, gostei dos movimentos livres dela, gostei da música, claro, gostei da atitude de Diva Can I have the lights off, please? All the light! Thank you. Gostei de um pequeno Thunder-maker e de vários instrumentos desconhecidos, gostei do cabelo dela e gostava de ser como ela. Também gostei que dois gins me tenham ajudado a conversar em francês com o baixista e com o baterista-homem-dos-meus-sonhos-francês.

THANK GOD

A cretinice pega-se.
A inteligência também.

sábado, maio 10, 2008

É nesta estrada que me encontras, sabes disso e tomas rumos diferentes. Afastas o teu caminho do meu, não te censuro. Aceitar. Não é fácil, mas aprendo a aceitar. Aceito os dias de chuva como aceito que o dia tem 24 horas, menos do que as que preciso. Aceito que não somos iguais, tu não és eu e eu não sou forte como tu. Ou não sou como tu, simplesmente. Aceito que o amor não é fácil, de dar nem de receber e, menos ainda, de aceitar que não exista. Sou o que fazem de mim as tuas distâncias, os teus regressos intensos e, já sei, não tão sentidos como gostaria. Sou a espera por esse teu cheiro que fica semanas depois de ires, partículas da tua pele que não saem da minha - e eu não quero. Vais e voltas, voltas sempre. Mas nunca sei quando ou por quanto tempo ou porquê. Nunca sei por que voltas, uma tão presente ausência tem botão on-off? Eu não tenho. Não me esqueço de ti e não me esqueço de nós, apesar de tentar. Não sei o que é Nós, sei que é absurdo pensar assim, não me percebes mas achas que sim. Não, não percebes. Não fazes uma ideia do que é ser eu, não sabes o que sinto nem porquê, e se tento explicar, tens mil e uma coisas a dizer sobre isso. Não consigo relaxar. Não me chega um banho de imersão a escaldar com vinho tinto e um cigarro - não estás, por isso não conta. É nos meus livros que te procuro - e chego a encontrar. É nas folhas dos passeios e na chuva em telhado de vidro que me diz que este sol não é quente e este dia não acaba assim tão facilmente. Porque são horas que se arrastam numa caixa de fósforos e beatas no cinzeiro, o chão de madeira a estalar ao fim do dia e a cadela que se espreguiça na relva. Não te procuro mas não sei dizer-te que não. Tens esse estranho poder sobre mim, e cada vez que penso que para a próxima vez não vou ceder, chegas devagarinho, em bicos dos pés para não me acordares e enroscas-te em mim, tiras-me o cabelo da cara e respiras, respiras sempre, acordas-me de propósito com o ar que te enche os pulmões e volta para a almofada. E se acordo e me sabe bem ter-te, sei que já não descanso porque não deixo de pensar que agora estás mas és volátil, vais embora antes que tenha tempo de esticar os músculos e abraçar-te. Às vezes penso se serás real, se não és só um qualquer trick of the mind, mais uma das personagens da minha imaginação incansável. Vais dando notícias na distância, é isso que te liga à realidade, só assim sei que existes mesmo quando não existes comigo. Love me or leave me.

quinta-feira, maio 08, 2008

Insónia

Era uma vez uma miúda. Essa miúda vivia dos Sonhos. Acreditava no poder dos Sonhos. Mas não daqueles sonhos de quando se está a dormir. Nesses não acreditava, até porque não dormia muito bem. Acreditava que os Sonhos se tornavam realidade. Tinha uma imaginação fácil, esta miúda. Tinha ideias para ser feliz, todos os dias encontrava um novo caminho, mas não há caminhos sem pedras, e parecia que a miúda não sabia levantar os pés. E desanimava. Dava pontapés nas pedras e claro que elas não se mexiam. Só a magoavam. Esta miúda acreditava nas pessoas. Amava profundamente a raça humana e sentia-se no direito de ser amada. Havia dias em que olhava à volta e aquelas pessoas que tanto amava eram pedras distantes. Os Sonhos eram pedras. As pessoas eram pedras. Até que um dia esta miúda, que tanto sonhava, tanto acreditava, tanto amava, sentiu um CRACK lá dentro. Qualquer coisa se partia. Ou não. Qualquer coisa solidificava. Olhou para as mãos e elas ganhavam um peso e uma textura estranhos, ela não conseguia levantar os braços com o peso, qualquer coisa os puxava para baixo. Quis fugir. Levantou um pé para começar a correr. Não conseguiu. Sentiu uma onda de frio subir por si acima, um frio entre a pele e os ossos, e o som de qualquer coisa a estalar. Sentiu os músculos a endurecer, o cabelo a perder o movimento. Até que deixou de sentir. Era uma pedra-miúda, que um dia tinha sonhado e acreditado e amado. Era uma pedra.

sexta-feira, maio 02, 2008