Não sou a pessoa certa para criticar música. Já houve quem tentasse incutir-me alguma coisa mas parece que fica sempre pelo caminho. Mas sei falar sobre pessoas, sei falar sobre movimentos e sei falar sobre sensações. Chega de sentimentos, por hoje são mesmo sensações.
Sexta à noite para quem mudou tanta coisa em tão pouco tempo pode ser um problema. Mas deixa de ser um problema quando uma mana (entre aspas, mas eu odeio aspas), convida para programas que não há com outra gente. Music Box às 23h30, com dois açorianos cerrados para ouvir Phoebe Killdeer - para quem não sabe, é uma das vocalistas dos Nouvelle Vague. Estava com uma certa graça, aquele ambiente, uma mistura grande de gentes e géneros, não é isso que a boa música promove? Durante cerca de uma hora e meia uma pequena mulher de franja e olhos esbugalhados deixou uma pequena multidão em êxtase. Não só ela, mas também três homens altos, franceses, cada um escondido atrás de um instrumento - de mencionar o baixista, cabelo inacreditável, calças de cabedal inacreditáveis e camisa de brilhantes inacreditável, em inacreditáveis saltos e maravilhas acústicas. Não, de facto não sei avaliar música suficientemente bem para me atrever a fazê-lo publicamente, mas sei explicar que as endorfinas que me correm agora por aqui são filhas dessa música, de uma libertação de articulações e constrangimentos, da energia viva. E gostei disso, gostei dos movimentos livres dela, gostei da música, claro, gostei da atitude de Diva Can I have the lights off, please? All the light! Thank you. Gostei de um pequeno Thunder-maker e de vários instrumentos desconhecidos, gostei do cabelo dela e gostava de ser como ela. Também gostei que dois gins me tenham ajudado a conversar em francês com o baixista e com o baterista-homem-dos-meus-sonhos-francês.
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