Uma manhã. Menos, uma hora dessa manhã. É o que basta para decidir o fim de tudo. Um metro de pessoa. Meses de preparação, noites sem dormir a antecipar tudo. Para afinal nada ser como se pensa, e tudo escorre devagar enquanto subo cinco andares. Fazer malas e voar? Já? Vale a pena esperar mais? Vale a pena procurar noutro lugar? Vale a pena acreditar que vale a pena? Entrego-me muito facilmente. Talvez. Mas não foi fácil, nada aqui foi fácil. Eu não desisto, perder as forças não é desistir. Quando se torna impossível, o que é que se pode fazer? Não depende só de mim, mas estoiro de pensar que depende de uma pessoa que não é uma pessoa. Antinatura. Vais ficar sozinha, minha pequena, tenho muita pena.
- Tout le monde va partir.
- Sauf maman.
Está bem, acredita nisso! Tenho pena de ti, a tua brancura não te vai salvar, porque ela não é pureza, mas doença. Não é inocência, mas dissimulação. A brancura transparente e esverdeada dos vilões. Rezo por ti, não ficas na minha vida depois de me ir embora, mas ficas na tua. E ninguém aguenta alguém assim, nem tu mesma. Acima de tudo, tu mesma.
E não sei quem és na vida para escrever sobre ti. Mas tens o poder de destruir sonhos.
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