sentada, quase deitada, no sofá profundo do casão, enrolada num cobertor mais pesado que ela. O que ouvia era alguma coisa entre a madeira a estalar na lareira enorme, o som das bolas de snooker umas nas outras, os tiros dos caçadores ao longe e o barulho da floresta tropical em que se envolvia na dormência da leitura.
O ambiente é difícil de descrever, é feito de fumo quente que entra na pele e aconchega o corpo das cinco da tarde. Aqui acabam de almoçar e começam a pensar no jantar. Os dias prolongam-se e adiam o recomeço. Não sai de casa sem um bom casaco de fazenda, aquele cintado com forro de xadrez, uma pechincha. Faz frio, o frio que apetece porque a lareira está acesa e antes de dormir partem-se umas nozes junto ao fogo e acaba-se o vinho do jantar.
Aqui há tanto tempo para preparar o tal recomeço que, na verdade, nem apetece (Precisas de férias das férias), que a solução é adormecer a meio da tarde, um bocadinho, com os cães aninhados aos pés.
Reler traz o problema de [não tenho tempo na vida para tudo o que quero ler na vida], mas o reler é voltar à troca de ideias com o pai - que lhe ensinou a literatura latino-americana.
Ela andava com vontade disto há uns tempos, tinha um plano bem definido - e foi diferente do projectado, tudo bem.
1 comentário:
Gostei de voltar aqui. Gosto deste texto, entre outros.
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