- Amas-me?
- Tanto.
- Como?
- Quando não estás fico assim com uma espécie de sede.
Esta frase, ouvida no meio de uma noite do mais estranho que há, em que tudo aconteceu, além de me fazer rebolar a rir (e de estar perfeitamente contextualizada), deixou-me a pensar. A Vida é, de facto, feita de Encontros. Posso passar os dias à procura daquilo que quero, mas é no momento em que descanso dessa procura que as coisas surgem. Encontros casuais, são sempre os mais ricos. Não sei se é na surpresa que encontro essa especificidade, não sei se é no facto de não terem sido criadas quaisquer expectativas. Não sei. Gosto de encontrar alguém de quem gosto muito, por acaso, ao fim de não sei quantos anos. Gosto de encontrar uma peça de roupa esquecida. Gosto de encontrar aquele livro que não havia em livraria nenhuma na estante de casa da minha avó, early edition. Sim, eu procuro demais. Vivo a sonhar com o que quero, vivo a construir os meus castelos no ar, que acabam sempre por ser castelos de areia: uma ondinha de nada e desaparecem (ou simplesmente, nem chegam a concretizar-se..). Passo a vida a inventar histórias na cabeça, autênticos diálogos pré-concebidos, e para quê?? As coisas nunca são como imaginamos! A vida é feita de encontros. E todos os dias acordo, e assim que começo a imaginar qualquer coisa tento obrigar-me a ser racional, digo a mim mesma que não vale a pena, nunca será dessa maneira. Mas insisto e insisto e a imaginação fala mais alto! Sempre. Páro. Respiro. Repito a mim mesma "não vale a pena". Respiro outra vez. Abro os olhos e é a realidade que está à minha volta. Mas rapidamente volto ao ponto de partida, e a vida é outra vez um sonho criado pela minha imaginação que, coitada, não descansa. Preciso de abrandar. Preciso de tempo.