terça-feira, abril 22, 2008

Sábado à tarde

Gigante de pedras. Jardim. Casa na árvore. Fruta. Baloiço. Infância. Família. Fins de tarde. Chá com scones. Hotel. Estrada. Parque. Praia. Medos. Escuro. Medos de escuro e de monstros. Comando. Cães. Santo António. Pés-de-gato. Dia de anos. Escadinhas. Convento. Pôr-do-sol. Luzinhas à noite. Atelier. Fins-de-semana. Duche frio. Água. Mina. Fontes. Herança. Cerveja. Mangueira no jardim com cinco anos. Saibreira. Mesa de jantar. Verde. Azul. Rochas. Musgo. Dióspiros. Caseiro. Humidade. Lareira. Revistas. Amigos. Todos. Noites. Envolvimento. Teatro. Oeste. Atlântico. Ondas. Frio. Sol. Cadeiras de jardim. Poetas. Dramaturgos. Romântico. Artista. José Maria. Seculo XIX. Amor e tragédia. Inverno no Verão.

segunda-feira, abril 21, 2008

Vem...

...Dançar comigo à chuva, enquanto as mariposas voam.

sexta-feira, abril 04, 2008

Sexta-Feira

Pensas demais. Não estás a viver a tua vida, estás a pensá-la. Racionalizas cada passo que dás, qual é a espontaneidade? Pensas demais. Qual é o mal se é pouco intenso? Qual é o mal se não tens tempo? Constróis uma estrada que não sabes se é a tua e sentes que, pedra sobre pedra, és só tu que a percorres. A estrada é tua. A vida é tua. Quem queres contigo? Estás a pensar sobre isso? Pensas demais. A culpa é tua se acordas às 5h30 sem sono. A culpa é tua, porque não te impedes de pensar e repara como pensas sempre a pior perspectiva. As coisas correm bem, és tu quem vive o momento certo, só não encontraste ainda quem constrói estradas paralelas à tua. Eles existem e olham para ti com a condescendência de quem sabe o que pensas, conhecem essa cara que fazes a uma hora certa da manhã e sabem que há um momento em que, sem sentires que acomodaste, esta vida te faz feliz. O teu problema é que, enquanto não se dá a transformação, vais continuar a pensar e pensar e pensar e nunca vais conseguir ver esse assentar como uma não-acomodação. E terás de mudar. Sabes isso, não sabes? Mas estás tão ancorada a um mundo - farás realmente parte dele? - de adaptação fácil e redes que te prendem irresistivelmente, porque preferes, não tu especificamente mas essa raça que conheces, um dia atrás do outro, um arrastar biográfico sem grande esforço, de dias que correm como gotas de água presas num fio. Lembras-te? Também a esse mundo foste incapaz de uma entrega, vê o teu próprio desconforto numa cadeira, já não tinhas posição. Lembras-te? Mudas a cada esquina e o que queres é tanto e tudo, que não andas em frente, a tua vida é uma sucessão de curva-contra-curvas. Qual é o problema!? É que o teu tempo é o mesmo de toda a gente, mas demoras muito mais a chegar a algum lado.
E o esforço é muito maior.

quarta-feira, abril 02, 2008

Quarta-Feira

Quatro horas depois levanta-se e suspende a sessão. Passa pelas portas de vidro e digita o código. Dentro da sala com o ar condicionado ligado não se percebia que o dia estava tão quente e nem apetece fumar. O flash do sol nos olhos fá-la hesitar e arrepende-se de não ter trazido os óculos, mas enfim, chegou a Primavera e isso não é razão para se queixar; olha para a esquerda e para a direita e não vê nada, mas sabe que há o que ver. O rapaz está sentado na rua, cabelo molhado curto, uma camisa de verão com pingos nas costas. A imagem é fresca. Sete minutos a pé e encontram uma relva muito verde, mais verde que a camisa de verão pingada e miudinhos a fazer corridas e cambalhotas. Homens e mulheres de passagem, máquinas fotográficas disparam não se percebe bem para onde. Mas a sombra vai chegando, os minutos vão passando, e no meio de gargalhadas e dentadas la fica decidido que é tempo de ir, a sombra está muito escura porque a cabeça estava ao sol. E depois o caminho de volta, saber que faltam mais quatro horas sem sol, só o ar condicionado, mas os dias estão mais compridos, ainda há sol ao fim das quatro horas. E dores de cabeça o resto da tarde, porque o sol faz isso. E a pele arde porque a relva pica. E passa um bichinho no meio dos contratos. Mas havia sol. E mais, muito mais.