domingo, dezembro 26, 2010
depois de
já falei por aqui várias vezes do quanto gosto do frio. do quanto prefiro frio a calor. já falei aqui do quanto gosto de andar na rua sozinha à noite. e gosto de misturar os dois. dá-me uma noção forte de realidade e de vida, diz-me que tudo o que ando a sentir por esta altura é real e está vivo. volto aqui com estas conversas sobre o que sinto, mantém-se a tendência geral. na verdade, esta sou eu, e vou acrescentando bocadinhos a mim que me fazem crescer. há quem saiba do que falo, há quem se encontre no que escrevo. com todo o mérito. be my guest.
falava do frio. este frio é quente, bem quentinho. poucos sabem dele, quem sabe deixa-se aquecer também. isto agora é assim: inverno rigoroso com lareira e chazinhos.
domingo, junho 06, 2010
Domingo
Normalmente tento não acreditar neste género de coisas, mas parece que este sítio tem necessidade de uma condição especial para ser alimentado. Ultimamente essa condição não se verifica. Tem mais a ver com o tempo do que com tempo, quem me conhece sabe do que falo. O tempo anda favorável. Apesar das dores de cabeça - caramba, tenho dores de cabeça faça chuva ou faça sol.
Normalmente é assim: um ou dois escritos pela novidade e depois tenho mais que fazer. É da novidade. O tempo passa a ser da novidade e a novidade promove o tempo. É difícil explicar.
Pas de nouvelles, bonnes nouvelles. Não é que isto contente ou justifique perante aqueles que sabem e não ouvem faz tempo, mas os meus amigos novos, P e T já ouvem falar menos de mim ultimamente. Isto é bom, sabem, este sítio fala de mim e é de mim que estou a falar - por muito umbiguista que isso seja. O mundo foi mal habituado nos últimos cinco anos e agora está a pagar por isso. Esta história começa agora, é menos tarde do que pensei que acabasse por ser (será que esperava realmente que essa quase-certeza que tive sempre se concretizasse com tanta precisão? É que foi mesmo em cheio!).
A condição não se verifica. Vou ter de reajustar o tom ou então let go.
Planos e planos, certezas e certezas, não-medos, não-reservas como sempre quis e acreditei. Falta a condição contrária - não falta, inexiste.
Volta depressa - já passaram duas horas.
quarta-feira, maio 05, 2010
T
Tantos e tantos Passos para chegar aqui. a este dia em que descubro que nada foi em vão, que é possível eu ser eu e há mais como eu, não era de todo descabido. esta é a verdade, esta sou eu de verdade.
Enough about me.
Os 15 soam a 15x7, faz sentido que seja assim. o encontro é na diferença - há algumas, umas mais manifestas que outras - e mais, muito mais do que diferença, é o Encontro. o medo do exagero nunca foi meu, e é bom ver que não é preciso - é natural e simples, e as coisas verdadeiramente importantes na vida são simples, não são difíceis.
Então há tudo para descobrir e tudo para construir e tudo para inventar, este nada de que se parte não é vazio, estava à espera há muito tempo, guardado à espera de tudo Isto, de todo este Tudo que me enche e me preenche e que abraça e aquece.
A pureza é importante demais para se lhe passar ao lado e a alma é transparente. não é preciso acrescentar nada nem esconder nada, só ser. e ser é amar e vice-versa, não sei por que ordem.
O que é quente e denso fica por mais tempo, aqui o tempo quer-se eterno.
A pluralização do mundo e da vida é mais feliz, ainda mais feliz do que esperava e não se divide: multiplica-se. acrescenta-se(-me) todos os dias mais e mais tijolos de um muro mais alto que as nuvens e o céu e o entendimento. não preciso de entender: o coração fala por si e não sozinho. não sozinha.
Sou maior e sou inteira.
Então há tudo para descobrir e tudo para construir e tudo para inventar, este nada de que se parte não é vazio, estava à espera há muito tempo, guardado à espera de tudo Isto, de todo este Tudo que me enche e me preenche e que abraça e aquece.
A pureza é importante demais para se lhe passar ao lado e a alma é transparente. não é preciso acrescentar nada nem esconder nada, só ser. e ser é amar e vice-versa, não sei por que ordem.
O que é quente e denso fica por mais tempo, aqui o tempo quer-se eterno.
A pluralização do mundo e da vida é mais feliz, ainda mais feliz do que esperava e não se divide: multiplica-se. acrescenta-se(-me) todos os dias mais e mais tijolos de um muro mais alto que as nuvens e o céu e o entendimento. não preciso de entender: o coração fala por si e não sozinho. não sozinha.
Sou maior e sou inteira.
quarta-feira, abril 28, 2010
segunda-feira, abril 19, 2010
A Verdadeira História da Gata Borralheira III
mas à meia-noite não se transformou em abóbora. E dançou toda a noite com o príncipe, nos seus ténis novos.
sábado, abril 17, 2010
quinta-feira, abril 15, 2010
A Verdadeira História da Gata Borralheira
No dia em que fez 25 anos, a Gata Borralheira passou a tarde à volta de tachos e panelas, queimada no forno e picada pelas agulhas com que fez o vestido (qual fada-madrinha, qual quê!?).
O baile foi só dois dias depois, e aí ela dançou toda a noite com o príncipe, etc etc (o resto da história toda a gente sabe) e foram felizes para sempre. Fim.
quinta-feira, março 25, 2010
segunda-feira, março 22, 2010
quinta-feira, março 18, 2010
Ontem foi assim
Depois de um dia a mil a trabalhar para isto e isto, no meu vestido novo fui ao Lux para ver estes senhores.
E ainda há quem se queixe...
E ainda há quem se queixe...
terça-feira, março 09, 2010
sábado, março 06, 2010
domingo, fevereiro 28, 2010
Sábado quase Domingo
Os meus novos amigos, T. e P., mesmo 24h depois, deixam-me doente de dores de cabeça. Mas com o tempo isto vai.
Estes 150/h ameaçados hoje pelas meninas dO Tempo fazem bater portas - as que se fecham e depois as que se abrem em consequência, ou se não é em consequência parece ou podia ser. Era mesmo verdade, parecia só conversa de quem (se) quer consolar mas estas coisas acontecem de facto. Então obrigada pela razão que já existia sem sabermos. Já sabíamos, não é verdade?, sabemos sempre o que esperar, mesmo sem o sabermos.
Já não estou assustada. Já não tenho medo. Não deixei de ter os medos, mas este já não tenho. Está tudo bem. Está tudo muito bem e vai ser óptimo. Vai ser óptimo. Já está a ser.
quinta-feira, fevereiro 25, 2010
terça-feira, fevereiro 23, 2010
quarta-feira, fevereiro 17, 2010
A Cotovia, Ultimamente: este post gostava de ter fins beneméritos.
Foi num dia de Janeiro. Um fim de tarde gélido, casaco de fazenda comprido, cachecol de três voltas, gorro à cabeça e luvas nas mãos.
Foi num dia difícil. Cheguei ao Saldanha à hora em ponto, apavorada com as probabilidades. Andei à procura pelas ruas, tinha um plano bem definido e potencialmente independente. Andei à procura mas não encontrei nada e Marguerite ficou para outra altura. Tinha tentando várias hipóteses e a decisão final foi ser sozinha, ia ser óptimo. Foi péssimo. E depois começou a chover e depois comecei a chorar, pequenina e o sozinha já não era a decisão madura que tinha sido. Um disparate.
Voltei, sozinha mas não tanto num comboio cheio e quente do ar condicionado. Ofereceu-me o jornal o senhor simpático ao meu lado, era um jornal bom e vinha em bom estado, e ele não ficava para o reaver: também não queria saber as horas dos cinemas.
Depois foi o resto, 1km a pé até casa, escuro escuro escuro mas não mete medo - este escuro não mete medo -, até sabe a vida em Paris e cidades grandes independentes. Por pouco.
Era uma velhinha minúscula com dois sacos do minipreço enormes (e o minipreço não era assim tão perto) mais a carteira e um braço partido. O cabelo arranjadinho, casaco de inverno como os das nossas avós, dava-me pelo ombro - era mínima.
Primeiro passei, estava zangada com o meu dia. Mas a velhinha não tinha culpa de eu não ter encontrado o Institut nem de estar a chover. Então voltei. Tive de pedir para lhe levar os sacos e tive de insistir para levar os dois - e não o menos pesado, como sugeriu. Morava logo ali e um dos nove cães com quem vivia, que tinha encontrado na rua, era responsável pelo gesso - que já não era gesso, mas não sei como é que se chama quando se tira o gesso.
Aida Cordeiro. Eu não conhecia esta senhora nem o nome dela. Professora da primária, escreve livros para crianças, ilustra, escreve poesia e encontra miúdas na estrada para as salvar. E cães abandonados.
- Escrevi um livro novo, A Cotovia Ultimamente, está muito bonito.
Claro que está, minha senhora, um livro que se chama a cotovia ultimamente só pode ser muito bonito. A senhora também é muito bonita.
- Devia ter um carrinho daqueles de levar as compras.
Depois prometeu-me um livro, mas ficou para outro dia. Nunca ninguém me tinha dito que eu era um anjo que lhe veio do céu. A Aida Cordeiro também foi um anjo que me apareceu no caminho para casa, e que não estava em casa quando lá voltei.
Agora não sei se existe mesmo ou se me apareceu só para me salvar aquele dia.
sábado, fevereiro 13, 2010
Adorava saber escrever com graça para mudar o tom a esta casa - é demasiado Emo.
Quero desligar-me (como disse a certa altura) deste consumo do coração, da procura constante de bons ou maus abanões (mas existentes, por amor de Deus!!). Quero puxar a cadeira mais para a frente e mergulhar no que tenho de fazer (tenho e quero). Quero que a luz que insisto em contar aqui pare de ter efeito nesses abanões e seja só uma parte dos dias e uma ajuda a esse tenho de fazer, porque abrir as janelas é melhor do que esperar que as lâmpadas de baixo consumo se decidam a fazer o seu trabalho - e me permitam fazer o meu.
Ultimamente ando em companhia deste senhor aqui em baixo e o que ele me ensina é também profundo - oh, tão mais profundo - e não magoa mas chateia - incomoda. Preenche. Puxa pela minha cabeça e pela minha capacidade intelectual e isso deixa-me um descanso ao coração - que tem uma fome parecida com a do meu estômago. Eu quero escrever em frases curtas, não me corrija o texto para torná-lo num tratado que não fala de mim ou por mim, não gosto de advérbios de modo acabados em -mente, nem de expressões como sendo que e gerúndios no geral, prende-se com, uma vez que e não gosto abusar das vírgulas.
De maneira que vou passar o rio.
E acabo isto a contrariar o objectivo que queria com isto.
quinta-feira, fevereiro 11, 2010
quarta-feira, fevereiro 10, 2010
domingo, fevereiro 07, 2010
quarta-feira, fevereiro 03, 2010
terça-feira, fevereiro 02, 2010
Ele sabe
Aquilo que os sentidos nos dizem ser Primavera é para Deus um pequeno e fugaz sorriso que percorre a Terra. Esta parece então lembrar-se de qualquer coisa que durante o Verão a todos contará, até se tornar mais sensata no grande silêncio do Outono, durante o qual apenas faz confidências aos solitários.
In R. M. Rilke, HISTÓRIAS DO BOM DEUS, história do homem que escutava as pedras
domingo, janeiro 31, 2010
sexta-feira, janeiro 29, 2010
quinta-feira, janeiro 28, 2010
domingo, janeiro 24, 2010
sexta-feira, janeiro 22, 2010
quarta-feira, janeiro 20, 2010
sábado, janeiro 16, 2010
Ponto 2.
Não deixo de me impressionar com a quantidade de coisas importantíssimas que me obrigam a parar de escrever:
- Pintar as unhas de encarnado.
- Ver se as janelas estão todas bem fechadas.
- Fazer mais chá.
- Fumar um cigarro para descansar.
- Ir ao frigorífico, para o caso de haver alguma coisa que apeteça.
- Ligar à mãe para saber se é preciso alguma coisa.
- Fazer um pequeno intervalo para ligar a televisão.
- Ouvir pela 5ª vez o CD que a M. me emprestou.
- E os outros 4 CDs.
- Postar no blog.
- Arrumar a secretária.
- Pensar no que vou vestir logo - para nada específico, confesso.
- Fazer listas de coisas.
- Pintar as unhas de encarnado.
- Ver se as janelas estão todas bem fechadas.
- Fazer mais chá.
- Fumar um cigarro para descansar.
- Ir ao frigorífico, para o caso de haver alguma coisa que apeteça.
- Ligar à mãe para saber se é preciso alguma coisa.
- Fazer um pequeno intervalo para ligar a televisão.
- Ouvir pela 5ª vez o CD que a M. me emprestou.
- E os outros 4 CDs.
- Postar no blog.
- Arrumar a secretária.
- Pensar no que vou vestir logo - para nada específico, confesso.
- Fazer listas de coisas.
Ponto 1.
Tenho sede de sol. Pode ser com frio, mas sol. Não me serve esta película que se agarra às coisas todas. O meu cabelo também agradece.
sexta-feira, janeiro 15, 2010
quinta-feira, janeiro 14, 2010
Gostava de falar sobre
a aula de Theory of Knowledge que dei ontem e que adorei
os pacientes que consegui para a tese, pela Associação
o gravador novo e as cassetes pequeninas
a Carlinha, de quem gosto cada vez mais
a fidelidade ao Francês, que vai mais difícil do que esperava
o horário óptimo e inesperado no colégio
a possibilidade de trabalho para depois, também no colégio
a Fé, a Paz e a Procura
...
os pacientes que consegui para a tese, pela Associação
o gravador novo e as cassetes pequeninas
a Carlinha, de quem gosto cada vez mais
a fidelidade ao Francês, que vai mais difícil do que esperava
o horário óptimo e inesperado no colégio
a possibilidade de trabalho para depois, também no colégio
a Fé, a Paz e a Procura
...
quarta-feira, janeiro 13, 2010
sábado, janeiro 09, 2010
terça-feira, janeiro 05, 2010
domingo, janeiro 03, 2010
a miúda que lia o velho que lia romances de amor
sentada, quase deitada, no sofá profundo do casão, enrolada num cobertor mais pesado que ela. O que ouvia era alguma coisa entre a madeira a estalar na lareira enorme, o som das bolas de snooker umas nas outras, os tiros dos caçadores ao longe e o barulho da floresta tropical em que se envolvia na dormência da leitura.
O ambiente é difícil de descrever, é feito de fumo quente que entra na pele e aconchega o corpo das cinco da tarde. Aqui acabam de almoçar e começam a pensar no jantar. Os dias prolongam-se e adiam o recomeço. Não sai de casa sem um bom casaco de fazenda, aquele cintado com forro de xadrez, uma pechincha. Faz frio, o frio que apetece porque a lareira está acesa e antes de dormir partem-se umas nozes junto ao fogo e acaba-se o vinho do jantar.
Aqui há tanto tempo para preparar o tal recomeço que, na verdade, nem apetece (Precisas de férias das férias), que a solução é adormecer a meio da tarde, um bocadinho, com os cães aninhados aos pés.
Reler traz o problema de [não tenho tempo na vida para tudo o que quero ler na vida], mas o reler é voltar à troca de ideias com o pai - que lhe ensinou a literatura latino-americana.
Ela andava com vontade disto há uns tempos, tinha um plano bem definido - e foi diferente do projectado, tudo bem.
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